Os agentes químicos, manuseados de forma errônea ou mesmo proposital no caso das guerras, são substâncias que causam efeitos tóxicos nocivos aos homens, aos animais e até mesmo em plantas. As Guerras Mundiais contribuíram muito para o aperfeiçoamento dos agentes químicos de guerra, isso foi um pontapé inicial para que os agentes químicos fossem utilizados durante a guerra como uma das armas mais eficientes. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as armas químicas podem ser utilizadas apenas para: contra pessoas e animais pelos gases; sinalização pela fumaça em áreas e alvos militares utilizando os fumígenos e, a destruição de materiais e ataque a pessoas pelo fogo utilizando material incendiário. Desde a antiguidade, em suma, eles são usados para causar baixas no exército inimigo e diminuir, o cessar, o desempenho da mesma.
Dentro destes agentes químicos, o aqui abordado será o neurotóxico, um dos grandes agentes degenerativos que tem por sua marca principal afetar a comunicação dos neurônios com o corpo, incapacitando-o de se comunicar de maneira correta com o Sistema Nervoso Central (SNC).
A ideia de aniquilar o inimigo por envenenamento é bem antiga. Já na Índia de 2000 a.C. era comum empregar nas guerras cortinas de fumaça, dispositivos incendiários e vapores tóxicos. O historiador grego Tucídides conta que na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) os espartanos colocavam madeira impregnada com enxofre e piche ao redor dos muros das cidades inimigas, criando vapores sufocantes. No fim do século XIX, na Guerra dos Bôeres, na África do Sul, as tropas inglesas inventaram um artifício para lançar ácido pícrico, um explosivo. O engenho não funcionou, mas começaram aí as tentativas de ganhar combates com armas tóxicas. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, começou também a fabricação de substâncias poderosamente venenosas para fins militares.
As armas químicas, em geral, foram criadas na 1° Guerra Mundial, porém ganharam sua versão mais potente na segunda, quando os agentes nervosos foram criados.
Os neurotóxicos são agentes naturais ou artificiais que danificam o cérebro e nervos, podendo causar uma longa lista de doenças, como efeitos colaterais diretos ou como precursores de uma variedade de doenças neurológicas. Neurotoxinas são abundantes em ambientes industriais, alimentos e produtos domésticos. Evitar fontes conhecidas de neurotoxinas pode impedir seus efeitos debilitantes, mas em alguns casos ingerir essas substâncias leva a doenças crônicas ou à morte.
            Podem ser divididos nos grupos V e G. Os principais agentes são: GA, GB, GD e VX, que foram padronizados para uso em munição química e estocados em grandes quantidades por vários países.

            Seus efeitos atingem a hidrólise de acetilcolina, neurotransmissor amplamente distribuído pelo sistema nervoso que tem papel importante nos sistemas respiratório e cardiovascular e na liberação de secreções. Os sintomas são vários, sendo os mais relevantes convulsões, depressão respiratória, arritmia cardíaca e fraqueza. A letalidade do processo deriva da parada respiratória central, através de uma depressão do centro respiratório ou periférica com a paralisia dos músculos respiratórios.
            Os neurotóxicos apresentam afinidade com a enzima acetilcolinesterase e, uma vez ocorrida a reação, a enzima estará inibida e não conseguirá desempenhar a hidrólise da acetilcolina. Estudos indicam que a síndrome colinérgica ocorre por volta de 50% de inibição da enzima e a morte a partir dos 90%.
            O tratamento médico da intoxicação por agentes neurotóxicos no campo de batalha é feito através de antídotos específicos que, geralmente, são empregados através de seringas autoinjetoras, administradas pela própria vítima ou por companheiro próximo.
            Grande parte dos agentes neurotóxicos foi originalmente produzida na pesquisa de defensivos agrícolas, porém devido à toxicidade foram usados na guerra e por grupos terroristas.
O envenenamento por pesticidas neurotóxicos chega a ser a forma mais comum de suicídio em alguns países como, por exemplo, no Sri Lanka. Eles podem ser preparados em qualquer país que disponha de uma indústria de fertilizantes químicos ou pesticidas medianamente desenvolvida.
            O serviço de inteligência americano, CIA, calcula que vinte países têm armas químicas e outros dez estão na fila para começar a produzi-las. Os arsenais conhecidos estão nos Estados Unidos (30 mil toneladas), na União Soviética (400 mil toneladas), na França e no Iraque. Há suspeitas da presença das mesmas em países como o Egito, Israel, Líbia, Coréia do Norte, Vietnã, China e Cuba, mas nada foi confirmado.
            Também há casos de locais afetados por armas químicas naturais, como as ilhas Izu, no Japão. Ela foi afetada principalmente por atividade vulcânica, o que deixou-a impossível de ser habitada. Hoje os cientistas, com autorização do governo japonês, paga uma espécie de pensão aos que morarem lá para estudar os efeitos que o enxofre causa no corpo humano.




Os neurotóxicos são agentes absurdamente agressivos que podem causar danos sérios e irreversíveis ao corpo, além de levar à morte. Vários países têm condições de produzir esse tipo de arma, basta ter uma indústria agrícola desenvolvida e autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para que possa produzir. Hoje, aproximadamente 20 países pelo mundo têm, e mais 10 estão buscando essa autorização para começar a produzir, além de existirem vários laboratórios clandestinos, como por exemplo o recém fechado na Líbia, que produzem esses agentes. A posse deles é vista como uma maneira de manter a paz pela força, fazendo com que quem possua não pareça “fraco” diante de outros países, por isso ela é conhecida como a “bomba nuclear dos pobres”.