Em 1830, quando tinha apenas 16 anos, Samuel Colt saiu de casa e arrumou um trabalho em um navio mercante com destino à Índia. Em seu tempo vago, ele divertia-se com desenhos de uma nova espécie de arma, uma que poderia disparar repetidamente sem precisar ser recarregada. Embora inúmeras armas de repetição já tivessem sido desenvolvidas, nenhuma delas havia se tornado popular com o público, geralmente porque eram complicadas demais e de difícil manejo.
Baseado em um cabrestante do navio, Colt desenvolveu um simples cilindro giratório para munição. Inicialmente, as pessoas não ficaram particularmente impressionadas com a nova arma, mas em torno de 1850, a companhia de Colt desfrutou um sucesso fenomenal. Em 1856, ele chegava a produzir 150 armas por dia, apenas para dar conta da crescente demanda.
Extremamente simples e de altíssima confiança, a arma teve um profundo efeito social nos Estados Unidos e, mais tarde, no resto do mundo. Armado com um revólver, qualquer um poderia matar outra pessoa em questão de segundos. Guerra, crime, aplicação da lei e até mesmo discussões cotidianas encontram um elemento novo e letal.
História das armas de fogo e seus princípios
Para entender como o revólver funciona é bom saber algo sobre armas de fogo em geral. Quase todas baseiam-se no mesmo conceito simples: aplica-se um explosivo sob pressão atrás de um projétil para lançá-lo através de um cano. A mais antiga e simples aplicação dessa ideia é o canhão.
O canhão é simplesmente um tubo de metal com uma extremidade fechada e outra aberta. A extremidade fechada tem um pequeno buraco fundido. Para carregar o canhão, você coloca a pólvora, uma mistura de carvão, enxofre e nitrato de potássio e, em seguida, uma bala de canhão. A pólvora e a bala de canhão entram na culatra, a parte posterior do calibre, o espaço aberto no canhão. Para preparar o tiro, você insere um pavio, um pedaço de material inflamável, através do furo, de modo que atinja a pólvora. Para disparar o canhão, você acende o pavio. A chama queima ao longo do pavio e finalmente atinge a pólvora.
Quando a pólvora inflama, queima rapidamente, produzindo bastante gás quente no processo. O gás quente aplica uma pressão muito maior no lado da pólvora da bala de canhão do que o ar atmosférico aplica no outro lado, o que expele a bala de canhão para fora da arma a uma grande velocidade.
As primeiras armas de mão eram essencialmente canhões em miniatura; carregava-se um pouco de pólvora, uma bala feita de aço e acendia-se um pavio. Essa tecnologia abriu caminho para as armas de ativação por gatilho, como a armas de pederneira e a cápsula explosiva.
Para carregar a cápsula explosiva, vertia-se pólvora na culatra, empurrava-se uma bala e colocava-se a coifa de fulminato de mercúrio no topo de um bocal roscado. Para disparar a arma, você armava um martelo para trás e puxava o gatilho da arma. O gatilho liberava o martelo, que atingia com força a cápsula explosiva. A cápsula queimava, disparando uma pequena chama no tubo em direção à pólvora. A pólvora explodia, lançando a bala para fora do cano.
Ao longo do século 19, ou seja, nos anos de 1800, a cápsula explosiva lentamente deu lugar ao revólver, que tinha que ser recarregado somente a cada cinco ou seis disparos em vez de a cada disparo.
O revólver
Os primeiros revólveres usavam pólvora, balas e cápsulas como as antigas pistolas de cápsula explosiva. O atirador carregava cada uma das seis câmaras no cilindro com pólvora e um projétil e depois posicionava seis cápsulas explosivas nos bocais correspondentes. Embora o procedimento de carregamento fosse tedioso, um atirador poderia ter seis rodadas totalmente preparadas com antecipação.
Na década de 1870, esses modelos foram substituídos por revólveres que usavam cartuchos de bala, em vez de pólvora e cápsulas. Os cartuchos são uma combinação de projétil (a bala), propulsor (por exemplo, pólvora) e estopim (a cápsula explosiva), todos encerrados em uma cápsula metálica.
Em um revólver moderno, os cartuchos são carregados em seis câmaras, cada uma podendo ser posicionada na frente do cano da arma. Um martelo carregado por mola é posicionado no outro lado do cilindro, alinhado com o cano. A ideia é armar o martelo para trás, alinhar um novo cartucho entre o martelo e o cano e, em seguida, liberar o martelo puxando o gatilho. A mola lança o martelo para frente, atingindo assim, o estopim . O estopim explode, inflamando o propulsor que expele a bala para fora do cano.
O interior do cano é forrado com estrias espiraladas que giram a bala para dar estabilidade. Um cano longo proporciona estabilidade, visto que gira a bala por mais tempo. A extensão da bala aumenta também a velocidade da bala, pois a pressão do gás acelera a bala por um período de tempo maior.
Nos primeiros revólveres, o atirador tinha que puxar o martelo para trás antes de cada tiro, e então puxar o gatilho para liberá-lo. Nos revólveres modernos, um simples puxão no gatilho força o martelo para trás e o libera.
A sequencia de eventos em cada disparo é muito simples:
· A alavanca do gatilho empurra o martelo para trás.
· Ao se mover para trás, o martelo comprime a mola na coronha - o cabo (o diagrama acima mostra uma mola enrolada; molas de tensão desenroladas também são usadas em revólveres).
· Ao mesmo tempo, uma lingueta ligada ao gatilho impulsiona a catraca para girar o cilindro. Isso posiciona a próxima câmara da culatra na frente do cano da arma.
· Outra lingueta aloja-se em uma pequena depressão no cilindro. Isso estaciona o cilindro em uma posição particular de modo que fique perfeitamente alinhado com o cano.
· Quando a alavanca do gatilho é pressionada totalmente para trás, libera então o martelo.
· A mola comprimida impulsiona o martelo para frente. O gatilho no martelo se estende através do corpo da arma atingindo o estopim. O estopim explode, inflamando o propulsor.
· O propulsor queima, liberando um enorme volume de gás. A pressão do gás impele a bala para fora do cano. A pressão do gás também provoca uma expansão no cartucho da bala, fechando temporariamente a culatra. Todo o gás em expansão empurra para a frente melhor do que para trás .
· Para recarregar a arma, o atirador move o cilindro e empurra a vara ejetora, colocando em funcionamento o extrator no meio do cilindro. O extrator prende a base do cartucho usado e o remove do cilindro.
· Para recarregar, o atirador pode colocar os cartuchos um a um nas câmaras ou carregar seis de uma só vez com um carregador rápido, basicamente, um pequeno cabo de metal com cartuchos fixados na posição correta.
Nos revólveres de dupla ação, o atirador pode também puxar o gatilho para armar e disparar ou empurrar o martelo para trás com antecipação. A vantagem de armar o martelo primeiro é que o gatilho se move mais facilmente quando é disparado.
Evidentemente, é mais fácil usar um revólver do que usar que uma espingarda de pederneira ou uma cápsula explosiva. O atirador pode carregar seis tiros de uma vez e necessita somente puxar o gatilho para disparar. Entretanto os revólveres parecem muito limitados em relação às novas tecnologias: o atirador deve puxar o gatilho para cada disparo e parar para recarregar com regularidade. Em um campo de batalha, o revólver não é páreo para as modernas armas automáticas.
A duração da popularidade dos revólveres se dá pela simplicidade de seu desenho. Tudo se encaixa tão bem, que é muito raro as armas emperrem. E visto que elas são feitas com um número relativamente pequeno de partes, torna-se relativamente barata a sua fabricação. Para defesa de propriedades e crimes é adequada e de preço acessível.
Fonte: HowStuffWorks
Fonte: HowStuffWorks
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